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De repente, A Morte aparece vinda de algum lugar e sentimos a surpresa da perda de alguém, de alguma coisa, de um ideal, da gente mesmo...
Dói muito chegar aqui. Não conseguimos inspirar, parece que vem um caminhão de lixo e tenta entrar pelas nossas minúsculas narinas. O pulmão sente um ar carregado e dentro da mente fica martelando a idéia do "e se não fosse assim?" Não dormimos: insônia. Não comemos. Só pensamos no "e se..." Vontade de chorar, gritar, bater. Imaginamos cenas indo até o vaso e vomitando coisas de várias cores e formatos. Sentimos o estômago, o intestino solta, tremedeira, sede, confusão... Queremos contar tudo só pelas lágrimas. É muito pesado! Dá vontade de desenhar, de escrever, de ouvir música. Talvez seja o momento em que mais sentimos o presente, e se nesse momento pegarmos um papel, sai um monte de coisa lá de dentro, um parto normal cheio de dores, odores, líquidos, sangue, placenta.
Outra opção é sentirmos exatamente tudo isso mas dormindo. Um sono absurdamente pesado que não nos tira da cama por horas seguidas, às vezes dias. Como um imã, que nos atrai e qualquer mínimo movimento é difícil porque a cama nos puxa de volta.
Aí começamos a melhorar e vamos sentindo apenas a inércia, parece que alguma coisa puxa. Puxa o levantar da cama, o sorriso. Mas ainda não dá prazer. A Morte é difícil, dolorida e sentimos cada segundo dela, dentro e fora do nosso corpo. O momento de lucidez que nos conforta é pensar "pelo menos acabou", mas isso passa tão rápido que nem nos damos conta. E voltamos a sentir tudo aquilo de novo.
Tem situações que aparecem apenas para nos trazer algum aprendizado. É como uma pessoa que um dia na vida você encontrou e ela sem querer te indicou um curso ou apresentou um amigo que mudou sua vida e você nunca mais a viu. A Morte é assim, uma passagem que por algum motivo apareceu, motivo que pode ficar muito pequeno. É o obstetra do parto: mulheres precisam de um para auxiliá-las, mas não é ele quem vai cuidar do bebê. O parto natural é dificílimo, será integralmente sentido pela mãe, com todas as dores e prazeres.
A Morte é o parto natural. É sentir a presença física e emocional da dor e do amor. E a gente é o obstetra dessa passagem. O bebê virá saudável se o obstetra souber lidar com tudo aquilo que ficará exposto.
É difícil enxergar, mas A Morte tanto na nossa vida quanto no baralho de tarô nos traz um difícil recomeço. Uma nova oportunidade de ver o mundo em outra perspectiva. Apesar da dor, sabemos que o tempo passa e a cicatriz se forma.
Certo,
ResponderExcluirmas qual a relação que vc quis fazer da árvore de Romã (Punica granatum) com teu texto sobre a "Morte"?
Abrass
e romã é uma fruta que eu acho muito bonita... suas cores, seu formato... talvez ela traga leveza para esse texto. além disso, ela é símbolo de renascimento, ela é fruta da persefone, cultivada no hades. já comemos romã em várias festas de ano novo, para dar sorte no ano que virá, no renascimento.
ResponderExcluirhummm vou comer romã então..rs..
ResponderExcluirLindo, Sil!
ResponderExcluirbeijo
Sil, gostei muito!
ResponderExcluirBjão
Silvia,
ResponderExcluirEste é o caminho do amadurecimento.
É prazeroso, mas "as vezes" também é mais difícil e dolorido.
beijo
Rosangela
Como dizia a Dolly no Procurando Nemo " Continue a nadar, Continue a nadar, Continue a nadar, nadar, nadar" :) bjs Liloca
ResponderExcluirA Morte é o parto natural. Achei ótimo isso. Beijo. Emerson
ResponderExcluirSil,
ResponderExcluirrefletindo aqui sobre esse texto ( e até o anterior) acho que tudo passa pela aceitação... aceitar fatos, realidades.
A contestação das coisas que acaba criando a dor. A partir do momento que aceitamos tanto as coisas boas quanto as ruins (definições que também são relativas), acho que fica tudo mais plácido dentro de nós, e mais fácil de seguir em frente não?
Parabéns pelos textos, vou seguri acompanhando.
bjaõ!