terça-feira, 22 de março de 2011

Sete de Paus

Jasão, o velocino e o dragão | Museo del Bargello - Florença ITA
Encarar uma conquista quando a gente vira adulto é muito diferente de encarar a conquista na infância. Antigamente, ganhar a medalha no campeonato era tudo o que a gente queria, hoje, sair do trabalho e ir praticar um esporte já é a conquista.

O sabor da luta é diferente: tomar uma decisão, fazer uma escolha, praticar alguma coisa é uma batalha que travamos com nós mesmos. Nos deixa angustiados, nos tira o sono, nos aflige e quando finalmente decidimos, quando finalmente fazemos nossa escolha, não é raro aparecer alguma coisa para nos deixar inseguros.

Após a morte de Esão, Jasão – seu filho - foi criado e treinado por Quíron. Assim que se tornou maduro o suficiente, Jasão foi até seu tio Péleas reivindicar o trono de Iolco. Péleas concordou contanto que Jasão o trouxesse o velocino de ouro, uma pele de cordeiro muito especial, banhada a ouro.

A história é longa, Jasão recrutou amigos (como Aquiles e Orfeu), construiu uma nau (barco) e foi uma aventura chegar até Colquida, várias coisas aconteceram, como o encontro com Fneu, que os ensinou a passar pelas pedras amaldiçoadas na entrada da cidade.

Lá chegando, para conseguir o velocino, Jasão ainda teve que cumprir algumas tarefas, como colocar o arado em bois ferozes que soltavam fogo pelas narinas, enterrar um dente de dragão e lutar contra o dragão que protegia a pele.

A passagem aqui retrata bem o momento em que decidimos alguma coisa – reivindicar o trono – e a partir disso, quanta coisa deverá ser feita para que essa escolha seja cumprida. Quão grande será o movimento para que a gente consiga manter a intenção original?

A parte complicada é ter energia, porque é muito fácil desistir quando o dragão aparece. É fácil fazer meia volta com o carro e ir para casa, é fácil responsabilizar alguém ou alguma coisa pela nossa falta ou falha. O difícil é depois de um dia de trabalho, continuar carregando a espada pesada e matar o dragão.

A carta Sete de Paus aparece no jogo com uma pergunta: o quanto você realmente quer isso? É um momento que aparece para testar nossa vontade: é isso mesmo que quero? E se for isso mesmo, não vamos desistir da idéia só porque um dragão apareceu. Temos de ter energia para conseguir matá-lo. E essa energia vem com o aprendizado que tivemos ao enfrentar todas as nossas dúvidas, angústias e aflições e fazer nossa escolha. Por isso, o dragão pode aparecer, grande e feroz, mas junto com ele virão a coragem e a segurança necessárias para enfrentá-lo e mantermos nossa escolha.

9 comentários:

  1. Adorei Sil, estamos na mesma sintonia.
    Parabéns por mais esse texto publicado!
    Bjos!

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  2. Ai que linda você! Que belo texto.
    Acredito que não há um leitor que não se identifique com esse momento. A dúvida, a escolha, a batalha e o dragão.

    Beijos Sil!
    Continue fazendo as nossas tardes mais inspiradoras com seus textos.

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  3. Quando alguém deixar de matar dragões, é sinal que deixou de lutar pelo seus sonhos...
    Beijos

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  4. Amiga,
    Graças ao universo que deixei para ler esse texto exatamente nesse momento do dia. Perfeito, caiu feito uma luva.
    Parabéns e obrigada pelo texto.
    Saudades! J'Ane Senra

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  5. Silvinha, adorei este.... vem bem a calhar.
    grande beijo
    titia
    claudia

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  6. O foda é quando depois de um dragão, vem outro!
    Acho que é a carta que aparece todo dia. E a cada dia, um dragão. Até quando?! rs

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  7. out of de box...

    veja que para ter o trono, jasão deveria obter o velocino de ouro e, para chegar ao velocino, teria de matar dragões e enfrentar impenssáveis fúrias. pois é caso de perguntar? um trono vale todo esse esforço? vale enfrentar tantas furias?
    nossos desejos,hoje, muitas v.ezes são ditados pelo modismo, pela tv, e ai saímos a derrubar castelos por uma camiseta.

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  8. Sil, gostaria de te dizer que estou adorando seu blog, parece que foi feito p/ mim. Adoro o jeito que vc escreve e os temas que escolhe tb. Parabens, continue nesse trabalho lindo! Muitos beijos!
    Flavia (Mackenzie)

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  9. Sil, estamos sempre em batalhas que testam nossa vontade, por isso só vale entrar naquelas que realmente para nós têm significado...e ainda tem que levar em conta que, se não acontece o que esperamos, pode ser que apesar do nosso querer, não seja o querer cósmico...sei lá, é difícil desvendar, ou mais adequado ainda, desvelar (o velocino), o risco é se perder no meio da batalha...bjs, Clau

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