terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dois de Copas

Le ravissemente Psyché 1889- William Adolphe Bouguereau
Psiquê era uma mortal lindíssima, todos se encantavam com sua beleza. E por ser Piquê tão encantadora, a imagem de Afrodite começa a ficar esquecida, as adorações à deusa da beleza ficam mais espaçadas e isso a incomoda profundamente.

Afrodite então, elabora uma forma de tirar Psiquê de sua vida e cria uma situação para que o pai de Psiquê consulte o oráculo com a intenção de saber do futuro de sua mais bela filha. O oráculo, manipulado por Afrodite, prevê que Psiquê deveria ser amarrada no alto de uma montanha pois seria devorada por um monstro.

O pai de Psiquê, angustiado com a notícia, não consegue compartilhar a real história com sua família. Ele conta que Psiquê irá se casar: precisa estar vestida de noiva, com toda pompa, porém, amarrada no alto da montanha. E assim, cheia de dúvidas, Psiquê vai para seu lugar com todo ornamento de uma belíssima noiva.

Enquanto isso, Afrodite convence seu filho Eros – Cupido – a matar sua rival em beleza. Para esse assassinato, Eros deveria usar sua flecha, que enlouquece as pessoas com a paixão (em grego pathos: paixão, passividade, sofrimento, doença...).

No entanto, ao chegar ao local indicado, Eros  encanta-se por Psiquê. E ela, acreditando que seria o dia de seu casamento, entrega-se para o ‘monstro’ (que de monstro não tinha nada!).

Essa passagem retrata a carta Dois de Copas no baralho de tarô. É o momento do encontro inesperado, da alegria de alguma coisa que ainda não é muito concreta mas é totalmente sentida emocionalmente por todas as partes do nosso corpo. Um sorriso ingênuo que nos acolhe, o calor reconfortante de um abraço gostoso e inusitado, um gesto sem intenção que nos contamina de alegria. É a celebração de um encontro, que não temos ideia de onde vai parar, mas sem dúvida, é muito feliz. É sentir a confiança e o acolhimento, é dividir emoções e pensamentos, é compartilhar o amor e a amizade e sentir a reciprocidade de onde menos esperamos.

Aqui não temos medo, o desconhecido fica minúsculo. O prazer do encontro é tão grande que todo o resto fica tão pequeno... só é possível sorrir e nos render a felicidade. Que sentimento bom! Vamos nos permitir sentir isso mais vezes! Um brinde a alegria das pequenas coisas que nos pegam de surpresa!

5 comentários:

  1. 99,9% dos CA's de psicologia se chamam Eros e/ou Psiquê, mas o por quê que não sei. Brincadeiras a parte... Pobre garota. Ela foi devorada pelo 'monstro' e condenada pela sua própria beleza.

    ResponderExcluir
  2. Se Albert Einstein está correto em sua Teoria da Relatividade e de fato passado e futuro estão ocorrendo agora, isso me leva a crê que o dois de paus é um presente divino. Adorei o texto. Bjs. J'Ane Senra

    ResponderExcluir
  3. Num livro muito subversivo (no bom sentido da palavra) chamado Liberte-se do passado (Free from the known) de Krishnamurti, ele comenta sobre uma experiência que poucos se permitem sentir, que é ser acolhido pela surpresa de um momento feliz que chega sem ser aguardado ou buscado, e que para sentir toda a alegria desse momento é preciso estar livre dos preconceitos, do conhecido, do pensamento que traz toda a carga da sua experiência vivida e, portanto, limita sua felicidade e o pleno viver do presente, que é o único tempo que existe.
    Adorei a analogia e a passagem contada acima. E gostaria de saber se há alguma carta do Tarô que representa o dilema (ou guerra) entre o Ego e a Alma. Bjs! Claudine

    ResponderExcluir
  4. andremidoes@yahoo.com.brterça-feira, 25 janeiro, 2011

    Lindo Sil. Muitas vezes criamos a armadilha de pensar demais, planejar demais e achar que podemos prever tudo. Erro. Como regra geral, expectativa gera frustração, sendo assim, que encontremos a felicidade onde menos esperamos. :)

    ResponderExcluir
  5. E foi então que Lúcifer, qual Cupido de Luz, libertou Lilith.

    ResponderExcluir